Se você faz
parte da parcela de 51% da população brasileira que está com sobrepeso ou obesa
certamente já se fez essa pergunta. Se
não conseguiu chegar a uma resposta essa é a sua chance!
Voltando aos
primórdios da humanidade, época na qual a obtenção dos alimentos estava
estritamente veiculada ao ato de caçar ou coletar, percebe-se de onde surgiu a
necessidade do nosso organismo de “acumular” energia, invariavelmente na forma
de gordura. Naquela época não havia o conceito de alimentação a cada três horas
e nem mesmo todos os dias, por isso essa adaptação do homem em garantir a energia necessária para as
situações de privação de alimentos.
Atualmente não
é tão comum a privação de alimentos, aquela “fome” que dá no meio da tarde não
conta! Hoje em dia, uma parcela pequena da população passa FOME mesmo, muito
pelo contrário, estamos sofrendo as consequências do excesso de alimentos na rotina diária. Por isso mais da metade da
população brasileira apresenta excesso de peso. E por que é tão difícil
emagrecer?
Algumas falhas
cometidas durante o processo de emagrecimento podem prejudicar a perda de peso
ou a manutenção dela. Quem nunca fez uma dieta mirabolante e perdeu peso
consideravelmente logo no primeiro mês? Sim, algumas estratégias funcionam para
a perda de peso rápida, você priva o seu corpo de energia, gerando o que
chamamos de balanço energético negativo, que nada mais é do que gastar mais
energia do que consome, e sim, você perde peso.
Porém, como
nem tudo são flores, essa perda de peso é tanto de gordura (geralmente em menor
proporção) como de massa magra, ou seja, você perde músculo e água, por isso a
diferença na balança. E quem também nunca recuperou todo o peso que perdeu e
ainda um pouquinho a mais? O chamado “efeito sanfona” tão temido por aqueles
que querem controlar o peso é mais comum do que se imagina, isso porque o corpo
adapta-se com certa rapidez a privação calórica, fazendo com que a perda de
peso seja estabilizada e não sustentada em longo prazo, uma vez que não houve
uma mudança de hábito e sim uma intervenção pontual.
Traduzindo
tudo isso para a prática deve-se evitar alguns erros que prejudicam a perda de
peso e manutenção em longo prazo. São eles:
- Restrições Drásticas: Ficar muito tempo em jejum ou diminuir muito a ingestão calórica induz a perda de peso num primeiro momento, mas não a sua manutenção, uma vez que o corpo se adaptará e aumentará sua capacidade de “economizar” energia.
- Deficiência de micronutrientes: Muitas pessoas em processo de perda de peso esquecem-se das vitaminas e minerais, eles não possuem calorias, mas são essenciais para que as reações ocorram no nosso organismo, dentre elas as reações necessárias para redução de peso. O cálcio, por exemplo, é essencial para reação de lipólise, que é a “quebra” das gorduras.
- Fazer só exercício ou só dieta: Os estudos mostram que a perda de gordura é consideravelmente maior quando se alia dieta à prática de atividade física.
- Apostar nos “superalimentos”: Algumas das perguntas que mais ouço são: Tal alimento engorda? Tal alimento emagrece? Minha resposta é: Nenhum alimento engorda e nenhum alimento emagrece. O conjunto de alimentos ingerido ao longo de um dia, um mês ou um ano, ou seja, o seu hábito alimentar vai fazer com que você engorde, se você ingerir mais energia do que gasta ou emagrecer, se ingerir menos energia do que gasta, ou ainda manter seu peso, se ingerir a mesma quantidade de energia que gasta. Existem alimentos com qualidade nutricional ótima, isso é indiscutível, porém sozinhos eles não terão a capacidade de te fazer perder peso.
- Perder a vida social: Hoje vejo muitas pessoas perdendo a vida social porque estão fazendo “dieta”. Não, isso não é saudável! A nutrição deve ser inserida no seu dia a dia e não te fazer refém. Lembra do hábito? Comer um pedaço de bolo no aniversário de um parente não vai fazer você engordar. Além disso, ninguém aguenta ficar muito tempo sem vida social e quando você decidir voltar à sua rotina normal a tendência é que você como o bolo todo e não só uma fatia. Lembra do efeito sanfona? Então.
- Buscar a pílula mágica: Não existe milagre. Emagrecimento exige determinação. Não tenha pressa, mude seus hábitos aos poucos. Pequenas mudanças em longo prazo mostram efeitos positivos sim.
- Instabilidade Emocional: A mudança de hábitos envolve muito a parte emocional. Problemas como depressão, ansiedade e estresse podem influenciar na perda de peso, atuando muitas vezes nos episódios de compulsão alimentar.
- Não procurar um profissional especializado: Não é porque determinada dieta funcionou com o seu amigo que ela vá funcionar com você. É necessária uma avaliação individual para a sugestão de determinada estratégia nutricional. Blogueiras não são aptas para indicarem planos alimentares, celebridades não são aptas para indicarem planos alimentares e, pasmem, médicos não são aptos para indicarem planos alimentares. A prescrição dietética é atividade privativa do nutricionista, de acordo com a Lei nº 8 234 de 17 de Setembro de 1991.
Enfim, junte a tudo isso a
individualidade metabólica, ou seja, a forma como cada organismo reage diante
determinada intervenção e chegará a algumas respostas. Basicamente,procure
profissionais aptos, mude aos poucos seus hábitos, mantenha essas mudanças e
encontrará resultados! Não é tão difícil!
Beatriz Duarte
Domiciano – Nutricionista – CRN 3 41 122
Referências
Bibliográficas:
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2012 - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
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